domingo, 7 de novembro de 2010

Ilyas Kashmiri: o sucessor de Bin Laden

Responsável pelas ações militares da Al-Qaeda, o paquistanês Ilyas Kashmiri é hoje o terrorista que mais preocupa a Europa e os Estados Unidos

Saeed Khan
COMANDANTE
Kashmiri, em foto de 2001. Considerado o chefe militar da Al-Qaeda, faz a ligação com células terroristas no Ocidente

O simbolismo de Osama Bin Laden para o terrorismo global ainda faz dele o homem mais procurado do mundo. Mas na estrutura de poder do grupo terrorista Al-Qaeda há um nome que, atualmente, vem causando mais preocupação aos serviços de inteligência dos Estados Unidos e da Europa. Trata-se de Muhammad Ilyas Kashmiri, de 46 anos, nascido na parte paquistanesa da região da Caxemira (daí o nome de guerra). Como um dos chefes militares, Kashmiri ocuparia hoje o terceiro posto na hierarquia da Al-Qaeda, atrás apenas de Bin Laden e do egípcio Ayman al-Zawahiri. Ele teria a capacidade de fazer algo que Bin Laden sempre propagandeou como um de seus objetivos: arregimentar radicais islâmicos em cidades europeias e americanas e convencê-los a empreender ataques nos locais onde vivem.

A mais recente ameaça da Al-Qaeda contra o Ocidente, no fim de outubro, pode ter passado pelo planejamento de Kashmiri. Duas cargas com explosivos, embarcados em aviões de carga que partiram do Iêmen, foram interceptadas pela polícia nos aeroportos de East Midlands, no interior da Inglaterra, e de Dubai, nos Emirados Árabes. O destino das encomendas, segundo a polícia, eram “instituições religiosas” de Chicago – provavelmente sinagogas. No aeroporto inglês, havia no pacote suspeito uma impressora. O cartucho de tinta estava cheio de PETN, um pó branco que é um poderoso explosivo químico, e seria detonado por meio de um celular.

O PETN é o mesmo material detectado no artefato que o nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab usou para tentar explodir um avião a caminho de Detroit, nos EUA, no Natal do ano passado. A polícia acusa o saudita Ibrahim al-Asiri, escondido no Iêmen, de ter montado os explosivos nos dois ataques frustrados.

As suspeitas sobre Kashmiri aumentam porque é justamente em Chicago, o destino das bombas do mês passado, que viviam seus contatos nos EUA. Um deles era Daood Gilani, americano de pai paquistanês que trocou seu nome para David Headley. Preso em 2009 e condenado à prisão perpétua, foi acusado de ajudar a planejar os múltiplos ataques a Mumbai em 2008, quando 173 pessoas morreram. Também estaria por trás do atentado à sede do jornal dinamarquês Jyllands-Posten, que em 2005 publicou caricaturas do profeta Maomé. Quem o financiava era o empresário paquistanês Tahawur Rana, também preso. Headley teria ido ao menos duas vezes ao Waziristão do Norte, uma região do Paquistão perto da fronteira com o Afeganistão, para receber instruções de Kashmiri.

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