domingo, 7 de novembro de 2010

São Paulo onde o Lugar de Formiga é no Prato

Em Silveiras, até a prefeita come os bumbuns das içás, formigas aladas.
Especialista diz que consumo é saudável; aprenda a receita em fotos.

formiga

Quando os trovões ecoam nos dias claros da primavera, duas populações despertam na pacata Silveiras, no interior de São Paulo, para um tradicional embate que ocorre todos os anos, sempre nos meses de outubro e novembro. De um lado, formigas saúvas, aquelas fêmeas aladas chamadas de içás, do tamanho de marimbondos. Do outro, parte dos moradores da cidade de pouco mais de 6 mil habitantes. Durante as pancadas de chuva, ocorrem as revoadas de acasalamento das içás com os bitus, os machos dessas formigas. Mas em vez de saírem das tocas para encontrar parceiros, os insetos correm o risco de se depararem com homens, mulheres e crianças dispostos a caçá-los e levá-los do formigueiro para as panelas.

O costume de pegar as içás para fritar e comer os bumbuns delas foi herdado dos indígenas e passado através dos tempos aos tropeiros, antigos montadores de mulas. A tradição popular de consumir essa iguaria ainda se mantém viva no município cortado por fazendas, vegetação densa, casas coloridas e ruas de paralelepípedo por onde passam mais carroças do que carros. Mais de 50% da população de Silveiras come formigas, seja como petisco, tira-gosto ou na farofa, segundo a prefeitura. A reportagem visitou a cidade no final de outubro para saber por que Silveiras é conhecida como a capital da içá.

O consumo dessas formigas voadoras não se restringe somente a uma identidade cultural de Silveiras. Ele também ajuda a aquecer a economia local. O Festival das Içás, realizado anualmente com recursos da iniciativa privada, dá trabalho temporário aos habitantes e gera um comércio informal dos formigueiros aos restaurantes. Pelas ruas é possível ver içás pintadas em paredes e em artesanatos, como os da artista Vânia Cardoso, de 40 anos, que se inspira nos insetos.


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